09/06/2017

AS FASES DO NAVIO.

O navio tem sua vida marcada por fases

O primeiro evento dessa vida é o batimento da quilha, uma cerimônia no estaleiro, na qual a primeira peça estrutural que integrará o navio é posicionada no local da construção. 

Estaleiro é o estabelecimento industrial onde são construídos navios. Como os navios antigos eram feitos de madeira, o local de construção ficava cheio de estilhas, lascas de madeira, estilhaços ou, em castelhano, "astilias"Os espanhóis, então, denominaram os estabelecimentos de astüeros, que em português derivou para estaleiros.

Quando o navio está com o casco pronto, na carreira do estaleiro, ele é lançado ao mar em cerimônia chamada lançamento. Nesta ocasião é batizado por sua madrinha e recebe o nome oficial


madrinha do barco, madrinha dp navio
Foto/Divulgação: Fan Page TJ’s - DMagazine.com

O lançamento antigamente era feito de proa; mas os portugueses introduziram o hábito de lançá-lo de popa, existindo também carreiras onde o lançamento é feito de lado, de través; e hoje, devido ao gigantismo dos navios, muitos deles são construídos dentro de diques, que se abrem no momento de fazê-los flutuar.

Os navios de guerra, geralmente, são construídos em Arsenais. Arsenal é uma palavra de origem árabe. Vem da expressão “ars sina” e significa o local onde são guardados petrechos de guerra ou onde os navios atracam para recebê-los. 

A expressão “ars sina” deu origem ao termo em português arsenal e em espanhol "darsena", que significa doca

Após construído e pronto, o navio é incorporado a uma esquadra, força naval, companhia de navegação ou a quem vá ser responsável pelo seu funcionamento. 

A cerimônia correspondente é a incorporação, da qual faz parte a mostra de armamento. Armamento nada tem a ver com armas e sim com armação. Essa mostra, feita pelos construtores e recebedores, denota uma inspeção do navio para ver se está tudo em ordem, de acordo com a encomenda. Feito isso, é lavrado um termo, onde se faz constar a entrega, a incorporação e tudo o que há a bordo. 

A vida do navio passa, então, a ser registrada em um livro: o Livro do Navio, que somente será fechado quando ele for desincorporado.

A armação (ou armamento) corresponde à expressão armar um navio, provê-lo do necessário à sua utilização, cuja responsabilidade é do armador. Em tempos idos, armar tinha a ver com a armação dos mastros e vergas, com suas vestiduras, ou seja, os cabos fixos de sustentação e os cabos de laborar dos mastros, das vergas e do velame (velas). Podia-se armar um navio em galera, em barca, em brigue.

A inspeção era rigorosa, garantindo, assim, o uso, com segurança, da mastreação.

Um dos mais conhecidos armadores do mundo foi o provedor de navios, proprietário e mesmo navegador Américo Vespucci. Tão importante é a armação de navios e o comércio marítimo das nações, que a influência de Américo Vespucci foi maior que a do próprio descobridor do novo continente e que passou a ser conhecido como América, em vez de Colúmbia, como seria de maior justiça ao navegador Cristovão Colombo

Assim, Américo, como armador, teve maior influência para denominar o continente, com o qual se estabelecera o novo comércio marítimo, do que Colombo.

Terminada a vida de um navio, ele é desincorporado por baixa, da esquadra, da força naval, da companhia de navegação a que pertencia, ou do serviço que prestava. 

Há, então, uma cerimônia de desincorporação, com mostra de desarmamento. Diz-se que o navio foi desarmado

As companhias de navegação conservam os livros, registros históricos de seus navios. 

Na Marinha do Brasil, os livros são arquivados no Serviço de Documentação da Marinha (SDM) e servem de fonte de informações a historiadores e outros fins.